EDITORIAL DO X DA QUESTÃO – DIA 18/08/20
A pré-campanha está chegando ao seu estágio final e ficamos com a impressão que não deixou nenhum legado. Fora as cutucadas via imprensa ou vídeos ilustrativos e autobiógrafos, muitos pré-candidatos não atingiram o eleitor e seguem com baixíssimas intenções de votos em levantamentos internos.
A dubiedade é um problema. Tem pré-candidato com um pé num grupo e o outro no outro. Em tempos de informação fácil e veloz, não ter uma posição convicta passa impressões nada boas para o eleitor que espera num candidato as qualidades de conhecimento, coragem e independência. Tem gente que confundiu a pauta propositiva com o medo, e mede milimetricamente as palavras com temor de desagradar o lado A ou B.
Se sempre houve a tendência de polarização, seja pelos embates históricos ou pela concentração de lideranças e poder econômico nos dois principais grupos, isso poderia ter sido diminuído ou, quem sabe, quebrado com a informação acessível ao cidadão, pois muitos não estão satisfeitos com o que está no poder, tampouco sente segurança na maneira como o principal opositor se posiciona, seja no que diz respeito ao comanda, as decisões sobre s sucessão, seja na conduta quando seus membros exercerão cargos executivos.
A previsibilidade dos pré-candidatos, o receio e a desorganização de ideias, fizeram com que não melhorassem suas intenções de voto e, assim, tendem a perder mais folego no afunilar do processo e se contentarem com vices em chapas inexpressivas ou candidaturas ao Poder Legislativo, também com chances remotas de êxito.
Toda esta situação nos leva ao caminho perigoso que sugere uma falsa dicotomia. Os caminhos oferecidos ao cidadão, tudo indica, se encontram mais adiante, logo, fora de uma ou outra candidatura, boa parte das escolhas tende a nos levar ao mesmo lugar, as mesmas práticas e condutas.
A postura amedrontada, covarde ou desarrazoada não inspira o eleitor que prefere decidir entre os de sempre do que ter que apostar absolutamente no escuro em um dito “outsider” que demonstra total falta de trato com o meio, que, queiram ou não queiram os juízes, percorre caminhos pragmáticos e que exige equilíbrio e certo jogo de cintura.