EDITORIAL O X DA QUESTÃO – DOA 27/08/20
Não é tarefa fácil compreender a estranha relação dos primos Sebastião e Victor Oliveira. Há a impressão de que existe mais que números, vai além da intenção de voto ou coisas do gênero. O principio disso tudo foi em 2016 quando o empresário foi chamado de última hora depois de uma fila declinar do convite para ser candidato naquela eleição.
4 anos mais tarde, o líder da oposição em Serra Talhada vive um momento difícil na sua vida política. Preterido do governo de Pernambuco, denuncias sobre sua ultima passagem pelo extinta secretaria de transportes do Estado, diminuição na sua votação em sua cidade e o peso de suas derrotas no município, um do próprio Sebastião em 2012 outro de Victor na eleição passada, resultados creditados a estratégia controversa de Sebá.
Se tomarmos os posicionamentos de Sebastião, o empresário Victor Oliveira só assumirá a cabeça de chapa se outra vez nenhum outro nome estiver apto. A prova de que não é uma relação das mais amistosas é o modo como Victor foi tratado não apenas no processo eleitoral, mas depois. Esquecido o jovem nunca assumiu qualquer posto de destaque, sequer a presidência do seu antigo partido o PL ou mesmo no novo, o Avante, lhe foi dado como símbolo de confiança. Victor sempre foi tratado a pão e água.
Nesse intervalo de 4 anos entre 2016 e agora, o fogo amigo permitido por Sebastião atacou a própria votação passada, questionou as competências e capacidade do natural candidato e se apostou em caminhos espinhosos e tortuosos. Foi esse tratamento que fez parte do eleitorado tomar partido, muitos ficando ao lado do neto de Inocêncio Oliveira.
Victor teria boas razões para já ter pegado o boné, para ter pegado o seu banquinho e saído de fininho, imaginamos que talvez fosse isso, nestas circunstâncias que o seu próprio grupo esperava. Imaginamos que teria aí o discurso para criminalizar atitude nesse sentido. Mas Victor contrariou, aceitou os cantos de carroceria, o fogo amigo se manteve fiel as propostas lançadas em 2016. Se for lançado pela aliança com Sebastião não deixa de sair avariado, pois pesquisas de consumo interno mostra a percepção do eleitorado sobre a relação estranha entre ambos.
Como no Xadrez, cada peça e mexida depois de analises meticulosas e ainda é possível que ambos sigam rumos diferentes e aí o que resta do grupo terá de aceitar que a torre de babel que se formou, graças a ausência ou conivência do líder com grupos internos, terá minado as chances de vitória e enfraquecido ainda mais a imagem de líder, já bastante questionada. Se for consumada a perseguição, abandono, Victor poderá sair fortalecido, pois é perceptível que esperou mesmo quando não havia sinalização, aguardou o grupo, mesmo a sociedade enxergando a má vontade de Sebastião Oliveira.
Mais do que uma possível terceira derrota, devido a estratégia esquisita adotada, terá grande impacto o resultado na imagem pessoal do líder, para bons pensadores, pois é provável que haverá ainda mais questionamentos e dissidência por parte do eleitorado, afinal, pelo menos até aqui, Sebastião foi o mais eficaz cabo eleitoral da chapa governista, quando permitiu a ajudou a atacar a imagem do primo, quando não apresentou um projeto, no momento que se absteve de tomar as decisões de que todo líder precisa tomar. A oposição só saberá em novembro o resultado, já Sebastião sabe que já perdeu, só ainda não mensura o tamanho da derrota política.