FUNDADOR DA KAKAO É PRESO SOB ACUSAÇÕES DE MANIPULAÇÃO DE AÇÕES
Na última terça-feira, Kim Beom-su, o bilionário fundador da empresa de tecnologia Kakao, foi detido sob acusações de manipulação de ações. O caso envolve o investimento da Kakao na SM Entertainment, uma das maiores agências de K-pop da Coreia do Sul.
*Manipulação de Mercado*
Promotores acusam a Kakao de ter manipulado o valor das ações da SM Entertainment para bloquear a tentativa de aquisição pela Hybe CO, a empresa responsável pela famosa boyband BTS. A Hybe estava interessada na SM Entertainment, que representa artistas como o grupo Girls’ Generation.
Relatórios indicam que a Kakao e sua subsidiária, Kakao Entertainment Corp., compraram ações da SM no valor de 240 bilhões de wons (aproximadamente US$ 173 milhões) para inflacionar artificialmente o preço das ações, frustrando a oferta da Hybe. Após a desistência da Hybe, as ações da SM sofreram uma queda significativa.
O Tribunal Distrital do Sul de Seul confirmou a prisão de Kim Beom-su, justificando a decisão pela “possibilidade de destruição de evidências e risco de fuga”. O bilionário de 58 anos ainda não foi formalmente acusado, mas nega todas as alegações.
Em resposta às acusações, a Kakao divulgou uma declaração afirmando que Kim Beom-su declarou em uma reunião interna que “as alegações não são verdadeiras” e que ele “nunca instruiu ou tolerou atos ilegais”.
*Batalha de Aquisições e Impacto Econômico*
A Kakao garantiu o controle da SM Entertainment após uma intensa disputa com a Hybe. A concorrência acirrada elevou o preço das ações da SM a níveis recordes. A Hybe, diante de uma oferta mais alta da Kakao, retirou sua proposta em março.
A detenção de Kim representa uma reviravolta dramática para um empresário que transformou a Kakao em um dos principais conglomerados tecnológicos da Coreia do Sul. Os aplicativos da Kakao, como o KakaoTalk, são essenciais para a infraestrutura digital do país, com uma presença em mais de 90% dos smartphones sul-coreanos. A empresa é avaliada em cerca de US$ 13 bilhões.
*Expansão e Crise*
A aquisição da SM Entertainment visava fortalecer a presença da Kakao no mercado global de K-pop, impulsionando sua estratégia de expansão internacional. Na época, a Kakao afirmou que o investimento ajudaria a concretizar sua visão de ir “Além da Coreia” e “Além do Mobile”.
A Coreia do Sul tem um histórico de condenação de líderes corporativos por corrupção, como o caso de Jay Y. Lee, presidente da Samsung Electronics. Kim Beom-su é o primeiro grande nome do setor tecnológico a enfrentar a prisão por tais acusações.
*Ascensão e Queda*
Kim Beom-su, que superou a pobreza para fundar a Kakao em 2006, viu sua fortuna atingir um pico de mais de US$ 13 bilhões, tornando-se a pessoa mais rica da Coreia do Sul. No entanto, a Kakao enfrentou um escrutínio regulatório crescente devido ao seu domínio no mercado.
Em 2022, a empresa foi investigada por suposta evasão fiscal de 886 bilhões de won, relacionada a uma fusão com a Daum em 2014. Isso resultou na perda de mais de US$ 25 bilhões em valor de mercado para a Kakao e suas subsidiárias.
Desde seu auge em 2021, as ações da Kakao caíram cerca de 75%, e a fortuna de Kim agora é estimada em cerca de US$ 3,6 bilhões. Apesar disso, a Kakao ainda é o 15º maior conglomerado da Coreia do Sul, com 124 afiliadas.
*Escândalos e Liderança*
O escândalo de manipulação de ações também envolveu outros executivos da Kakao. O diretor de investimentos, Bae Jae-hyun, foi preso anteriormente em conexão com a disputa pela SM Entertainment. Não está claro o papel de Kim nesse episódio específico.
Em meio à crise, Shina Chung, ex-chefe da divisão de capital de risco da Kakao, foi nomeada CEO em março, com a missão de liderar a empresa para fora da turbulência atual.
A situação destaca o intenso escrutínio enfrentado por grandes conglomerados tecnológicos na Coreia do Sul, à medida que reguladores buscam proteger o mercado de práticas monopolistas e manipulação de mercado.