GLOBO E ESTADÃO TRATAM COMO RETROCESSO A PROPOSTA DE MUDANÇA NO ESTATUTO DA PETROBRAS
“Retrocesso.” Essa foi a palavra escolhida pelo jornal O Globo para definir, na quarta-feira 25, a proposta de mudança no estatuto da Petrobras para voltar a aceitar indicações políticas para cargos no conselho e em diretorias. Nesta quinta-feira, 26, o mesmo termo apareceu em destaque por outra publicação, O Estado de S. Paulo.
“O baque do valor da Petrobras na bolsa depois do anúncio da aprovação de mudanças no estatuto pelo conselho de administração não foi à toa”, começou o Estadão, ao citar que as ações da petrolífera sofreram desvalorização nos últimos dias. “Mais do que o temor de ganhos menores na distribuição de dividendos, o mercado financeiro enxergou o retrocesso embutido na medida.”
O texto sobre o “retrocesso” da Petrobras diante da possibilidade de retorno das indicações políticas foi publicado em editorial do Estadão. É o texto que, institucionalmente, representa a opinião de uma empresa de comunicação.
Assim como O Globo na véspera, o Estadão lembra que, no passado, quando indicações políticas eram permitidas, a Petrobras sofreu com “estragos, escancarados pela Lava Jato“. Nesse sentido, a publicação lembra que tais escândalos ocorreram durante gestões do PT — partido que voltou ao poder no começo do ano graças à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República.
No mesmo editorial, a equipe do Estadão elogia a Lei das Estatais, que, em vigor desde 2017, conta com conjunto de regras que impedem as tais indicações políticas em estatais e em empresas de capital misto, que é o caso da Petrobras. Com o governo federal como maior acionista, a petrolífera conta com ativos negociados na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. De acordo com a publicação, será um erro descartar, ainda mais em uma gestão petista, os impeditivos criados pela Lei das Estatais.
“A triste realidade brasileira revela que estatais sempre estiveram à mercê de uso político, seja para promover compadrios, favorecer esta ou aquela região com obras – necessárias ou não- ou adotar estratégias que tragam retorno político e/ou financeiro aos apadrinhados”, afirma o Estadão. “A Lei 13.303, ou Lei das Estatais, procurou resguardar minimamente essas empresas padronizando procedimentos de contratação e adotando novas modalidades de licitação pública.”
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, falou pela primeira vez depois da reação negativa do mercado às propostas de alteração no estatuto da empresa.
Na terça-feira 24, Prates reiterou que a empresa continuará cumprindo a Lei das Estatais.