PARA CIENTISTA POLÍTICO, REDE GLOBO PORTOU-SE COMO INIMIGA DE BOLSONARO NA ENTREVISTA NO JORNAL NACIONAL
A Rede Globo começou a realizar uma série de sabatinas com os candidatos à presidência da República. Nesta segunda-feira, 22, o Jornal Nacional recebeu o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na entrevista, foram discutidas as medidas adotadas durante a pandemia e o candidato foi questionado a respeito das críticas às urnas eletrônicas. Na ocasião, Bolsonaro deixou claro que vai respeitar as eleições apenas se forem limpas e transparentes. Para comentar a sabatina, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o cientista político e professor do Insper, Marcelo Suano. A respeito do clima da entrevista, o especialista criticou a confrontação direta ao presidente e a falta de debate a respeito dos projetos do governo: “O que nós vimos foi uma perda de oportunidade muito grande da Rede Globo de poder apresentar para o público o que se deseja, um debate sobre projetos, a possibilidade de avaliar a coerência e tentar separar o amador do profissional… Foi uma perda de tempo porque ficou muito claro para o público que ali não estava uma entrevista acerca do que se espera de um presidente da República. A entrevista foi transformada em um processo de interrogatório inquisitorial”.
“A Rede Globo acabou mostrando a sua perspectiva. Interrupções, forma inadequada de se referir ao candidato e um embate cheio de condicionais. Por exemplo, quando ele diz ‘respeitarei o resultado das eleições se forem limpas e transparentes’, isso é uma condicional que é positiva para a perspectiva do presidente, porque esse é o seu discurso…
“Ficou um embate muito claro entre dois inimigos, e essa postura de inimizade foi vinda da Rede Globo, que chegou diretamente e pressionou. Me parece que o presidente acabou muito melhor a entrevista do que ele chegou. Recebeu um embate muito forte de indivíduos que se posicionaram como inimigos”, analisou Suano.
Segundo os dados de audiência, a entrevista que deu a largada na série de sabatinas da Globo, marcou 32,4 pontos de média, com picos de 37, maior alcance registrado na televisão brasileira em 2022. O professor Marcelo Suano atribuiu os índices ao interesse da população em ouvir o mandatário do país e associou o sucesso ao recorde que o presidente bateu no YouTube na sua participação no Flow Podcast:
“Todo esse índice de audiência se deve, muito provavelmente, à presença do presidente da República. Basta que se veja os podcasts que foram feitos e o volume gigantesco de pessoas assistindo. O que mostra o interesse muito grande das pessoas ouvirem o presidente apresentar as suas propostas. Pelo fato dele não ter conseguido, e ter ocorrido este embate entre os entrevistadores e ele, acaba ficando negativo para a Rede Globo e positivo para ele. Independentemente se aquilo que ele falou procedia, ou não. Ele não ficou desequilibrado, apesar de tentarem desequilibrá-lo. Ele manteve a postura, tanto que ele se saiu melhor do que a primeira vez em que ele foi [em 2018]”.